sábado, 10 de maio de 2008

A.A.

O álcool é meu amigo querido,
o copo seu berço esplêndido.
Meu sangue é seu paraíso,
minha mente seu apetrecho.

E dos trechos em que me abrigo,
nos bares, num peito amigo,
das ruas, do olhar fingido,
renasço com novos ares,
e esqueço-me do perigo.

Olho nos lábios da lua,
e não a vejo só, vejo duas.
A ferocidade que insinuam,
é culpa da cachaça, gostosa e nua.

Quando pisco fico tonto.
Tudo gira feito picadeiro.
Enquanto isso eu vou pro ponto.
Ver se a brisa passa primeiro.

Vou me retomando aos poucos,
Pois tomei todas as taças.
Vou sofrendo pelas ruas,
imaginando a manhã de ressaca.

No caminho eu percebi,
que, do céu, já caiam gotas.
Mas eu só conseguia pensar:
uma perna, depois a outra.

Acordei e me olhei no espelho,
procurando o rastro de algo.
Encontrei grandes olheiras,
um enorme bafo e o recado:

Te deixei todo extraviado,
mas te dei todos os avisos.
Te entreguei o prazer divino,
e você me cedeu abrigo.

Anestésico do pós moderno,
nesse mundo de frio eterno.
Pra te beijar na boca
te levar pro palco,
assino e veto:

Amigo Álcool.

2 comentários:

Cel Bentin disse...

Brinde de mãos e luas cheias o texto seu, camarada! Paz, bem e novas letras, ainda mais liquidadas na ferocidade das taças! Abs, Cel

baralirismo.blogspot.com disse...

Álcool nas taças, nas praças,álcool nas massas.
pois, não exageremos, senão não tem graça.
Brindemos o poema, nos copos
cheios de lirismos que a sua alma acabou de nos revelar. Parabens!Delmo.