sábado, 12 de abril de 2008

O PINGADO E A RANZINZA (Cel Bentin)


O PINGADO E A RANZINZA
Senhor, já é dia.
O ontem nem bem se acabou
e a febre da manhã já alucina.

Uma ressaca desarrependida,
irresponsável, fiel e vagabunda
denuncia: o fígado pressente o dia.

Envolvendo patrão e empregado,
trânsito e calvários de segunda
tecem a meia-vontade dos passos.

É então que se afina à cintura da vida
uma outra, a do "sempre e bem trabalhar",
mas tomba a meia-providência divina:
humana forma líquida de bênção no bar...

É a bendita meia do boteco!

O despertador "pingado" que grita!
Santo cálice que isenta a boemia
– junto a dois engovs e às letras –
de toda a dor do sol que se agita
fermentando dentro das cabeças.

"Enquanto isso, que o mundo siga!
Bebamos o pingado satisfeito da vida!"

Só assim o baralirista se anima:
como pingado que traça e esfoleia
a cara feia, ranzinza e caxias
da sóbria carne de segunda-feira.

Um comentário:

baralirismo.blogspot.com disse...

Enquanto sua poesia ficou "PINGANDO" em meu degustador de belezas, Senti sol acordar a dor das segundas feiras, senti o abraço da lua abrandando
sofreguidão da noite. Então Nasceu "Sol e Lua" E se é verdade que uma mão lava a outra mão, conclui-se que Um poema leva a outro na inspiração. Abraços Baraliristas.